"The roots don't depend on the tree. The tree depends on the roots." / "As raizes não dependem da árvore. A árvore depende da raíz."

Saturday, November 27, 2010

Brasil e consciência negra

Há muitos anos atrás quando eu vivia em Viena Áustria, Kwame Opoku do Ghana, um grande e bom amigo que fiz por lá (na Europa, bem entendido), resolveu confessar toda a sua contrariedade com a insistência com que eu justificava coisas que não conseguira realizar no Brasil, alegando como impedimento incontornável o racismo.

Advogado na sede da ONU em Viena, velho adepto das grandes causas africanas de nosso tempo, tive a honra de admirar na casa dele, fotos suas com Amílcar Cabral, Nelson Mandela, Sam Nujoma e tantas outras enormes e memoráveis figuras do renascimento africano as quais, de algum modo meu amigo esteve ligado por dever de ofício ou militância. Estar perto de uma pessoa associada tão diretamente à história moderna do negro africano me fazia ficar exultante. Sentia-me assim também muito próximo daqueles gigantes lutadores pela liberdade dos homens, orgulhos da raça humana, heróis da minha geração.

Mas demorei muito a assimilar a contrariedade de Kwame. Ela me constrangia e envergonhava bastante. Sentia-me enquanto negro brasileiro um pouco diminuído, num sentimento de inferioridade estranho para uma pessoa como eu que sempre se vangloriou de sua combatividade, seu engajamento político, de sua militância enfim.

Mesmo orgulhoso de, inusitadamente ser o professor de marimba africana de um africano real – Pasmem, mas é isto mesmo! Bem antes de ser meu amigo, o já velho Kwame (desconfio eu um membro destacado de alguma casta da nobreza ashanti, segundo pude testemunhar numa festa de reverentes conterrâneos seus) fora educado num liceu de Accra, onde havia tocado piano. Um africano refinado como europeu, digamos assim, mais, sobretudo um africano com um recôndito desejo de aprender a tocar um instrumento musical de sua cultura ancestral.

Kwame comprou o instrumento que – imaginem!- eu mesmo havia fabricado no Brasil e levado para Viena. Um ano depois Kwame acabou se tornando meu aluno, numa inusitada relação cultural invertida entre um brasileiro afro-descendente e um africano ‘legítimo’.

Isto me animava e redimia um pouco, mas devo reconhecer que demorei algum tempo mais para compreender de onde vinha aquele sentimento de quase desprezo de Kwame pelas minhas lamúrias de negro brasileiro revoltado.

” Há racismo lá no Brasil? E vocês, sendo tantos como são, aceitam?”




Era esta a admoestação mais recorrente que ele me fazia, querendo dizer com isto que talvez nós estivéssemos sendo condescendentes demais, omissos demais diante das afrontas e impedimentos que o racismo nos impunha. Jamais consegui convencê-lo da força insuperável das amarras que nos tolhiam.

Jamais me recuperei daquela sensação de fera afrontada. Fiquei até hoje achando que talvez falte mesmo em nós, brasileiros – e isto estava explícito no sentimento honesto de Kwame, o africano – a consciência do que significa ser mesmo um afro-descendente, um negro-africano desgarrado, além da vívida sensação que temos do estigma, da pecha de ignorantes, despreparados e submissos que carregamos nas costas.

Reconheçamos que só os nossos antepassados africanos, trazidos para o Brasil como escravos, manietados e subjugados pela força bruta, é que tiveram o direito de incorporar, de assimilar, de se curvar diante da opressão (mesmo fingidamente que fosse, saltando para trás como os capoeiristas negaceando o golpe) por necessidades de sobrevivência física.

Reconheçamos, sobretudo que, mesmo assim, mesmo podendo se acovardar diante da força bruta e da morte, muitos de nossos antepassados ainda assim, insubmissos morreram, lutando, apenas para nos legar as lições e o sangue de sua descendência.

Sei que são palavras amargas no dia em se deveria apenas exaltar nosso orgulho, mas me ocorreu dizer agora mesmo que falta-nos talvez e ainda – a consciência negra plena e profunda – o traquejo para manejar ferramentas válidas da insubordinação e da revolta, a consciência ampla dos nossos direitos – não de negros tão somente, mas de homens – direitos básicos humanos enfim, ainda hoje quase que apenas concedidos por brancos ‘bons’, ‘solidários’ ou ‘piedosos’ – e muitos o são honestamente, coitados – e quase nunca conquistados pelo esforço organizado de nós mesmos, a reboque de nossas geralmente pífias lideranças, oportunisticamente aboletadas nos poleiros do poder.

Talvez falte a nós, negros brasileiros, o instinto africano de romper enfim, de uma vez por todas, com a escravidão emocional que ainda está entranhada em nós. A consciência de que, haja o que houver, façam o que fizerem para nos submeter, somos e seremos livres sempre sim.

Depois desta estada em Viena – ironicamentea pátria de Adolf Hitler – trocando lições de negritude com Kwame Opoku, o africano, passei sempre a observar melhor a diferença sutil que existe entre ter consciência negra e ter a consciência de ser negro.




A primeira consciência (a de ter) reside na profunda e refletida compreensão dos valores morais, éticos, sociais, culturais enfim contidos na herança africana de irmãos na diáspora, a busca incessante pela essência de ter a África simbólica dentro de nós, de ter humanidade enfim, onde quer que se esteja neste vasto mundo. A consciência de si per si, de sermos nós mesmos os reis, cada qual com mais um rei seu na barriga.

A segunda consciência (a de ser) seria manter a alma inquebrantável, a consciência ideológica limpa, adquirida na convivência com a exclusão social reiterada e o racismo num país que tem negros, mas que também tem – fazer o que? – brancos, na busca de saídas para fazer a ‘coisa certa’ junto com a maioria – e não no oco de uma minoria ‘negra’ de ocasião, no convescote de uma casta sórdida – para romper as barreiras mentais de nossa submissão, daquela escravidão emocional que nos aniquila e avilta a todos.

A consciência sócio racial de jamais ficar trancado no gueto escuro de nós mesmos, na síndrome da dicotomia que, separando maquiavelicamente negros de brancos, perpetua e legitima a desigualdade, assim justificada pelas alegadas diferenças de um – a branca elite – supostamente sempre superior aos demais – todos aqueles que não sendo brancos, passam a ser negros, simplesmente por exclusão.

A consciência plena de saber se colocar acima deste mundo de iniquidades que o racismo introjetou nas cabeças de nós todos, negros e ‘brancos’ do Brasil.

A consciência enfim de que, para todos os efeitos, o Brasil é essencialmente um país com negros, que só atingirá o ansiado sucesso de seu processo civilizatório (como dizia o saudoso Darcy Ribeiro) no dia em que tiver consciência de sua natureza pan-africana, super humana de ser, quando tiver, definitivamente se assumido como Brasil brasileiro de todos nós.




Nunca mais vi Kwame Opoku, o africano. Dele tenho notícias esparsas, sei, por exemplo, que se aposentou do trabalho na ONU. Depois que deixei de vê-lo muita coisa mudou. Mandela foi libertado, por exemplo. A África do Sul virou uma grande nação. Angola caminha para isto, a África sofrida ainda em certos bolsões renitentes de ditadura e pobreza também e sobretudo, anda.

Desejaria neste Dia da Consciência Negra no Brasil que nós, os negros e os brancos deste nosso país de sonhos perfeitamente realizáveis e angústias passageiras, fizéssemos um exame de consciência e partíssemos para a luta às nossas próprias custas e riscos, certos de que assim - e só assim – a vitória será certa.

                                                     ~ Spirito Santo ~
                                     (http://www.spiritosanto.wordpress.com/)

ENGLISH

Many years ago when I lived in Vienna, Australia, Kwame Opoku from Ghana, a good friend of mine (who I met in Europe), decided to confess his opposition to the fact that I was unable to do certain things in Brazil because of the irreversible racism.



He was an attorney that worked at the United Nations Headquarters in Vienna and an adept of the great causes of our times. I had the honor to appreciate pictures of him taken with Amilcar Cabral, Nelson Mandela, Sam Nujoma and many other memorable figures that were part of the African rebirth. My friend was connected with these individuals either because of his profession or militancy. Either way, being so close to a person that was directly associated to the modern history of the black African made me feel exulted. I also felt like this when I was close to those giant fighters of men who represented pride in the human race and the heroes of my generation.


It took me a long time to understand Kwame’s contradiction. It intrigued and shamed me a lot as I felt, as a black Brazilian, a bit lowered with a weird feeling of inferiority to a person that was just like me that, yet feeling vain glory for his spirit of combat, political engagement, militancy, etc.


Well, before becoming my friend, Kwame (he suspected I was a member of a noble Ashanti cast, as I was able to find out from one of his countrymen) attended high school in Accra, where he played the piano. He was an African refined like a European, so to speak, but above all an African with a burning desire to learn how to play an instrument of his ancestral culture. Needless to say, becoming his teacher of the African “marimba” (a musical instrument) to this “real” African was both astonishing and unusual. But that was it! Just imagine - Kwame bought the instrument that I had made in Brazil and took it to Vienna. A year later, Kwame became my pupil through a cultural relationship between an African-Descent Brazilian and a native African.


This made me excited and redeemed a bit. But I must admit that it took me some time to understand the nature of that feeling of disdain for Kwame, for my lamentations of a revolted black Brazilian.


“There is racism in Brazil? And all of you, being as many as you are, accept it?




This was the admonition more recurrent that he made, trying to say that maybe we were too condescending and dismissive of the comforts and obstacles that racism imposed on us. I was never able to convince him of the insuperable forces of the mooring cables that hindered us. Nor did I ever recover from that sensation of a confronted wild beast. Until today, I have thought that maybe, in reality, something lacks in us Brazilians. And this was explicit in the honest expression of Kwame, the African. The consciousness of what it means to be a person of African descent, a misguided black African, besides the stigma that we experience of ignorant, non-educated and submissive people that we carry on our backs.


We should recognize that only our African ancestors brought to Brazil as slaves, subjugated by brutal force, are the ones who had the right to incorporate, assimilate, and submit before oppression (even pretending, jumping backwards like the capoeiristas dodging the kicks) for physical survival.


We should also recognize, however, that being able to become cowards before brutal forces and death many of our ancestors died not submissively but fighting to leave us a legacy and lessons from the blood of their ascendance.


I know these are bitter words in days we should be exalting our pride but I have decided to say it right now that something is lacking in black consciousness - the knack to manage valid tools of subordination, of revolt, and the ample consciousness of our rights not only for black people but for the basic human rights of all men. These rights are usually only granted to a “good” white person, “solidary” or “generous”. Many are poor men and almost never conquered by our own organized efforts, carried by our generally faulty leadership, opportunistically placed in power.

Maybe something is missing in us black Brazilians - the African instinct to break, once and for all, the emotional slavery that is still engrained in us; the consciousness that whatever happens, what is done to submit us, we are and will always be free, indeed.




After my stay in Vienna, ironically the homeland of Adolf Hitler, exchanging lessons on blackness with Kwame Opoku, the African, I started to observe better the subtle difference that exists between to have black consciousness, and to have the consciousness of being black.


The first one (to have) dwells in the profound and reflecting understanding of moral values, ethical, social, cultural, etc., contained in the African heritage, of brothers and sisters in the Diaspora, seeking incessantly for the essence of having the symbolic Africa within us, to have humility wherever we are in this world.


The second one (to be) would be to keep the unbroken soul, the clean ideological consciousness, acquired in dealing with repetitive social exclusion and racism in a country with black and white people (what should we do!) looking for ways to do “the right thing” along with the majority. This is usually accompanied by the occasional black minority, at the “picnic” of a sordid cast, trying to break the mental barriers of our submission, of that emotional slavery that annihilates and lowers all of us.


The socio-racial consciousness will never be enclosed in the dark ghetto of our own, in the dichotomy syndrome, that separates diabolically, blacks and whites, perpetuates and legitimates inequality. This inequality is justifiable by the alleged differences of one, the white elite, supposedly always superior to all others. All of those that are not white are considered black simply by exclusion.

The plain consciousness to know how to excel in this world of inequality that racism injected in the heads of us all, blacks and “whites” of Brazil.


The consciousness, anyway, that Brazil is essentially a country with black people will only reach the awaited success of its civilizing process (as Darcy Ribeiro would say) on the day that it has a consciousness of pan-African nature and one that is super human. It will come when it has assumed the Brazilian in all of us.

I did not see Kwame Opoku, the African, after leaving Vienna. I have received random news. For example, that he has retired from United Nations. After seeing him for the last time, many things changed. Mandela was freed from prison. South Africa became a great nation. Angola is walking toward the same goal. The suffered Africa, under renitent pockets of dictatorship, and poverty, still lives on.

I wish, on this Day of Black Consciousness in Brazil, that we blacks and whites of this country of ours of perfectly accomplishable dreams and temporary anguishes, make an assessment of consciousness and start the struggle at our own expense, knowing this is the only way we will be able to know that the victory is assured.


  ~ Spirito Santo ~ 

Monday, November 8, 2010

Voz da Afrika

Diferentes povos/países/raças
Falam diferentes linguas/dialetos
Mas quando voçe limpa a garganta
Transmite o mesmo significado
                                     - Provérbio Igbo (Nigeria)

Lembro-me nos meus tempos de infância, passar longas horas com minha avô, e um caderninho de anotações para escrever palavras novas em kimbundu, minha lingua materna. Ficava sempre muito feliz quando chegasse a hora de aprender com minha avozinha. Nunca fui fluente na minha própria lingua materna, muito embora meus pais e irmãos mais velhos falassem kimbundu muito bem. Em geral, as pessoas da minha geração e do mesmo povo (kimbundu) que eu, não falam a lingua tradicional.

Meus pais sempre contaram que os pais deles os encorajaram a falar mais português do que kimbundu, porque eles achavam que desta forma os filhos teriam um futuro melhor na sociedade angolana, dado a condição que os colonizadores tinham imposto no país. Uma condição de domínio forçado. Nunca entendi na totalidade.  Afinal de contas, o objectivo dos colonizadores era de separar os colonizados das suas raízes, tradições, hábitos e culturas, e esforçar a inserçaõ da sua própria cultura. Por conseguinte eles conseguiram alcansar os objectivos preconizados - e de que maneira!! Eu pessoalmente considero isso um estúpro.

Com o comércio de escravos, muitos africanos foram colocados na região que hoje é chamada Brazil. Os africanos trouxeram consigo para o novo mundo seus hábitos, culturas e tradiçeões. Umas das tradições trazidas pelos africanos ao Brazil, é a hoje chamada Capoeira, que por muitos considerada patrimônio cultural Brazileiro. Capoeira, a dança da Zebra(Ngolo), uma forma de luta, um ritual, uma expressão cultural africana, uma arte de libertação.

Pratico esta bela arte já ha alguns anos. Me apaixonei por capoeira angola de uma forma espiritual. Nesta jornada de aprendizagem, tenho observado muitas questões politicas dentro do mundo da capoeira. Muitas destas questões têm a ver com o estabelecimento histórico da capoeira. Muitos resitem o facto de que capoeira teve a sua origem no solo Africano, na mente de Africanos. Muitos não aceitam o facto de que capoeira foi concebida e nascida em Africa. Entretanto, nós, Capoeira Africana, estámos aqui para contribuir, com o que for necessário, no processo de estabelecimento da história da capoeira, desde as suas raízes, seu desenvolvimento, aos seus frutos, e as suas sementes. Nós somos africanos, e temos a intenção de mostrar capoeira ao mundo, desde uma perpectiva Africana. Queremos trazer capoeira de volta ao continente de uma forma que os nativos percebam. Reconhecemos que a dança de Ngolo (donde capoeira originou) tem sofrido várias modificações até hoje. Embora essas modificações existão, sentimos no sangue e na alma uma conecção tão profunda, muitas vezes impossivel de se explicar ou de se entender. Meu ser African sente isto!!

Falando da inserção de línguas Africanas na capoeira. Um assunto que até agora, pelos vistos, tem causado muita polêmica, e perguntas, especialmente vindas dos não descendentes de África. Um facto que me faz pensar bastante uma vez que este tópico torna-se bastante delicado para os descentes de Africa no mundo da capoeira e não só. Trata-se do reestabelicimento e reconstrução da identidade Africana no mundo da capoeira e for a dela. Os filhos de Africa querem agora escrever a sua própria história. Antes era quase impossível, mas agora com os meios tecnológicos, e com a globalizacao, as coisas tornam-se mais fáceis para isso. A hora é essa!


Usar linguas Africanas na roda de capoeira angola indica uma forma simples e bonita dos praticantes prestarem HOMENAGEM as raízes desta bela forma de arte, e de reflectirem nas suas próprias origens genéticas. Capoeira Africana tem se dedicado na criação de meios para realçar a influência Africana na capoeira. Desta forma, pensamos que ao trazer capoeira de volta a Africa com mais aspectos que a caracterizam de uma perspectiva Africana, irá causar um interesse mais intenso e natural da parte dos africanos. Portanto, canções em linguas africanas, cantadas na roda de capoeira iria automaticamente suscitar um orgulho de aprender capoeira como patrimônio cultural e histórico africano.

Nós não queremos retirar o português da capoeira, antes pelo contrário, gostariamos de colocar os traços nos tes e os pontos nos is. Eu, como uma pessoa que fala português como lingual nativa, suporto a permanênica da lingua portuguesa na capoeira. Não queremos retirar nada, só queremos realçar algo que já existe na capoeira-a presença e influência das culturas africanas. Este aspecto é muito importante no processo de recosntrução da nossa história como africanos, e da unificaçao dos povos de descendência Africana.

Acreditamos que este esforço é humanitário. Se a humanidade está composta por vários povos, é natural que haja igualdade entre todos esses. Tudo isso faz parte da luta por um mundo melhor onde existe harmonia, paz, e amor sem exploração, estúpros e opressão. O apelo é um: Que a voz dos africanos seja ouvida de uma forma harmoniosa e salutar. Que os africanos sejam capazes de desabafar seu sofrimento e alegrias através de canções, suas culturas e tradições.

Capoiera é uma expressão cultural Africana e por isso os Africanos sentem-se “em casa” quando na roda da capoeira. Alí, eles podem expressar-se livremente. Daí a importancia de  usar suas próprias linguas. Isso é de direito aos africanos.

É meu sonho, como mulher Africana,de um dia ver meus filhos usufruir das artes e culturas que seus antepassados criaram, na roda da capoeira, cantando em kimbumdu, Umbundu, Igbo, Yoruba, Lingala, etc. Ver capoeira voltar as suas raízes para completar o circulo/ciclo de existência.

Aproveitamos este espaço para agradecer alguns mestres de capoeira Angola, que têm evidado esforço no sentido de propagar aspectos culturais africanos na roda de Capoeira Angola, e outros que estão por detras da actual presença da capoeira angola no continente, especificamente em Moçambique. Nomeadamente, Mestre João Grande, Mestre Janja, Mestre Moraes, Mestre Valmir, Mestre Cobra Mansa, Mestre Jurandir, e tantos outros que não conhecemos, e nao mencionados.

Disfrute dos videos colocados com carinho aqui no nosso/vosso blog, com canções cantadas em línguas africanas. Muito bonito!!

                                                     - Lucia Kudielela Fernandes, Capoeira Africana

Capoeira no Mocambique

Nzinga Capoeira usando a lingua Africana

LowCountry Capoeira Angola usando a lingua Africana (E.U.)

Olu ndi Afrika


Mba na-as
N’onu n’onu
Ma egbuchaa ikili
Ọ bụlụ ofu.

Différents peuples
parlent différents langages/dialectes
mais une fois que les gorges s'eclaicissent
le message reste le meme.        

Órísirìsì enìyán gbó ọrísìrìsì èdé súgbòn nígbá ti à bá a ọná fùn ọkanaa la sọ.

The above quote is translated into a few languages but essentially it means the same thing: Different people/races/nations speak different languages/dialects, but when the throat is cleared it conveys the same meaning. The original axiom comes from the Igbo ethnic group of southeastern Nigeria. In a country of 150 million people Nigeria has roughly 300 languages distributed among its populace.  One may wonder how the people of Nigeria communicate with such a plethora of living and breathing vernaculars to choose from. The answer is they communicate in different languages, using their ex-colonizer’s language as a lingua-franca on the surface, in this case that would be English, and their original languages to express their more intimate, deeper seeded thoughts and cultural wisdom. This statement is made without judgment or value placed on one language over the other, rather it is made to illustrate the cultural complexity and multilingual nature of contemporary Nigerians.


This example can be seen all over Africa. Blessed with rich array of diversity, both in its people and its resources, The Continent of Africa has also been challenged with how to express a sense of oneness from this variety. As it could be imagined no ethnic group anywhere in the world would want to succumb to their language, and thus identity, becoming inferior to another’s. So, to evade the dilemma of furthering pitting one African group against another to fight for linguistic and cultural dominance Africans adopted the language of their ex-colonizers as a means to communicate amongst themselves. Evidently, this acceptance also placed Africans in a position to communicate with many other people in the world, as Africa was colonized by Europeans and there are a great number of speakers of European languages around the globe. However, as stated earlier, Africans never stopped speaking their own languages even with the implementation of European dialects. As Africans move with the rest of the world into the 21st century it is becoming more and more evident that there are limits to communicating with another person’s choice of words, as there are some African concepts and ideas that do not translate into a European/American context. In addition, the angle in which a word expresses its particular view is seen from a cultural lens, one that an outsider to that lens may not agree with but has to accept or try to redefine because they are communicating in that language (i.e. the word “black” is simultaneously used describe a people and a dismal state of being). Consequently, interest in African languages are growing with each generation as its youth are becoming more aware of the need to assert one’s genuine identity, decode the world through their own cultural framework, and simply enjoy speaking in the idioms of their parents, grandparents, great grandparents, great-great grandparents, etc. All of this is to say that although it is true that Africans speak in different tongues and the meanings are generally the same in each, there comes a time when one must prioritize their own particular style of communication to retain cultural authenticity and express originality, which only makes the world a more abundant and exciting place to live in.

As this concerns capoeira, I am an advocate for the use of African languages within the art form. My perspective on this topic comes from that of an African in America. Both of my parents were born and raised in Nigeria, West Africa. I have brothers, sisters, uncles, aunts, cousins and grandparents who have never set a foot on any of the lands in The Americas. While I have lived and schooled in Nigeria, and visited other parts of The Continent, I was born and raised primarily in the U.S. so I believe it is fair to say that I am influenced both by my heritage and my upbringing. From this vantage point, when I began capoeira some odd years ago I knew that language would be a barrier if anyone tried to introduce this to Africans on the continent. With the nature of continental Africans being so multilingual I didn’t necessarily think that picking up another language would be a problem. It was more so that I didn't believe the stories that were being told - their characters, their context, their codes - would carry over well from Portuguese to African languages. Reason being: continental Africans can locate themselves in capoeira’s narratives of slavery and colonization. So the practice of capoeira becomes personal to Africans, even political. Continental Africans took part in the slave-trade, were traded as slaves, were colonized both at home and abroad and traveled to and from the Diaspora during the Trans-Atlantic Slave Trade. So capoeira's story is also Africa's story. The waters can't wash away our memory. Thus to do the capoeira dance to African lyrics is not only an expression of joy because of its familiar speech and utterances, but it is also a symbol of resistance, reclaiming our culture and asserting the self-determination to tell our own story, which are the very same principles that capoeira (as we know it today) were founded on.


Now, should every African ethnic group translate capoeira songs to their own language? I wouldn’t go that far. The aim is not to loose capoeira’s rich history and storytelling by diluting the Brazilian experience with the politics of cultural ownership. Rather the aim is to empower both the Afro-Brazilian community and the African World through the spread and practice of capoeira. And this is really where I think the division will lie on which side one chooses to stand on this issue: is the spread of this Afro-Brazilian art form aimed at bringing awareness to these communities and to Africa where they came from, or is it solely to bring awareness to Afro-Brazilians and their current country of Brazil? Honestly, I believe it’s both. But definitely, as sure as I can be, a tree can not be separated from its roots...or it will die. Thus, the case for African languages within capoeira becomes even more reasonable and a worthy discussion to be had. What I will say shouldn't happen, however, is that for other cultures outside of Brasil or Africa to make their own songs in their own languages. While there is no patrol on that act and people are free to do as they please, we practitioners of capoeira must assess why we do the art in the first place. Capoeira was born out of the struggle and spirit of Africans in Brazil and should, I believe, reflect the character of each location. More importantly, capoeira would cease to have a common thread amongst its practitioners if every capoeirista in every corner of the world were to make their own songs in their own languages. Yet, if there is a systematic inclusion of agreed upon songs inserted into the culture the thread will continue to weave different people, different histories and different cultures together under the same cause and humble beginnings (which is what we plan to do with Capoeira Africana). In the end, the many languages of the world do convey the same meanings when diagnosed for content. But in this context, since we are talking about the African character, culture and creation in relation to capoeira, I think it is time capoeiristas learn to speak like Africans.


                                                                     - Chike Nwabukwu, Capoeira Africana